quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Como ía dizendo...

Passei por muito... para chegar onde estou.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Vocações...


Sempre fui um sonhador nato…
Já a frequentar o Lycée Français Charles Le Pièrre, em Lisboa, a minha ânsia por “voos” mais altos me ensombravam a alma. Ainda guardo o calor do desejo de algum dia vir a exercer a carreira de topo na então República do Zaïre, agora República Democrática do Congo.
Porém, ainda havia uma outra ânsia, a de exercer o sacerdócio, já que tal desejo me fora, desde tenra idade incutido, pela família, nomeadamente, a minha querida mãe. Após a saída no liceu francês, ainda fiz dois anos na extinta Escola Secundária dos Anjos, e só depois do 11º ano, decidi entrar no seminário. Uma experiência inexplicavelmente bela e única, a qual só quem a viveu com alma e coração pode testemunhar, embora (infelizmente) as palavras não chegue para descrever.
Conheci, na minha caminhada no Seminário de Penafirme, jovens que como eu, procuravam “o” sentido para as suas vidas. É claro que num tal percurso já se caminha para uma determinada orientação, o sacerdócio. Contudo, é bom relembrar que “a seara é grande mas os trabalhadores são poucos”, isto é, ninguém dos que se forma deve ter a certeza do “resultado” final dessa caminhada, pois Deus chama quem quer, quando quer, onde quer, e como quer.
Confesso que não via mais nada a não ser o sacerdócio, como vocação. Um erro para quem deve abandonar-se e deixar-se moldar pela vontade de Deus a seu respeito. Recordo com saudade o que me dizia o meu querido “Pater”, o Reverendo Senhor Padre Mário Rui Leal Pedras (meu Padrinho por estima):” quem quer o que Deus quer, tem tudo quanto quer….”- Palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus. Agora percebo a razão para que tal frase tanto me interpelava.
Após um ano de seminário, propriamente dito, acabei por decidir sair. Ainda me recordo do jantar que tive com o então Vice-Reitor do Seminário der Penafirme, o Reverendo Padre José Miguel Barata Pereira, um amigo precioso para quem o conhecer como pessoa. Fomos jantar na Portugália do parque das Nações. Só depois da sobremesa é que ganhei coragem para lhe dizer que tinha decidido (curiosamente, no dia 11 de Setembro de 2001 – atentado em NY) sair do seminário. Não quero deixar de recordar, com saudade, os meus companheiros dessa memorável caminhada: Francisco Martins, José Duarte, Marcelo Boita, Joel Leal, André Ventura, Luís Alves, Boaventura, Ricardo Ferreira e Carlos Martins. A vida nos cruzou numa vivência que para sempre nos marcou.

sábado, 11 de agosto de 2007

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Quando as palavras nos tocam...


O texto seguinte é de um dos comentários (desabafo) mais bonitos que tive até hoje. Donde, não me tenha contido, com a devida permissão, de publicar o mesmo.

"Viajar. Correr. Fugir. Procurar um refúgio. Ou simplesmente exigir de nós mesmos algo melhor! Algo que sabemos que se ira denotar, se nos afastarmos da monotonia do dia a dia. Da monotonia de uma cidade intensamente viva (Lisboa)! Sem um "lugar"... "Aquele lugar"!

Há coisas que deixamos para trás! Mas algumas coisas que ficam. Esperam. Esperam para reverem aquele viajante, que deixou promessas! Promessas essas, cumpridas? Provavelmente algumas! Algumas cumprem-se. Mas um ser Humano não tem o dom da perfeição! Tem é que ter a força para reconhecer o erro, explica-lo devidamente. E tentar arranjar maneira de fazer diminuir a carga negativa! Não podemos esperar que o erro se esqueça. Nunca se esquece algo que magoa! Simplesmente enfrenta-se. Corre-se junto.•
Procurar uma vida melhor, é motivo para se ir ao encontro das descobertas? Mais que um motivo!

Egoísta será aquela pessoa que te irá dizer. "Não vás!"

Obrigado!

sábado, 4 de agosto de 2007

Itinerante...


As vezes, quando o sol nasce, não, quando Nasce, vejo-me itinerante, com um desejo ardente de me fazer à estrada.
Quero partir, sempre partir, ir sempre mais longe...
Em cada amanhecer, sinto a brisa da viagem tapar-me a cara,
cegar-me os ouvidos, só pelo desejo de me ir embora deste sítio, desta casa...

É o riso da felicidade que me assalta a alma, pensar que lá, e só lá me irei sentir feliz, não aqui.
Não tenho aqui morada permanente. Sou um itinerante efémero que só deseja ir, partir, viajar, voar. Nunca ficar.
Muitas são as marcas que meassombram os dias, muitos são os conheciddos e "amigos", mas ninguém me “agarra” no fundo.
Assim sou eu, um itinerante insatisfeito, um homem da estrada, na estrada da vida, em busca da Felicidade, que penso ter encontrado, só não lhe conheço nome, ou graça...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

1995 ou a "Ruptura"




Na vida, há sempre momento (s) de ruptura (s), em que nos propomos a mudar, naturalmente, ou por força das situações envolventes. Tudo é mutatis mutandi , dirão alguns.
Em 1995, um ano após a minha vinda a Portugal, assisti a uma dupla "ruptura", sendo uma pessoal, e outra social. Perfilava para o cargo de Primeiro Ministro, o "delfim" do Partido Socialista, o Engenheiro António Manuel de Oliveira Guterres, contra o então Primeiro Ministro, o Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva que, após inúmeras contestações sociais, viu o "seu" palácio de São Bento a "desmoronar-se" lamentavelmente.
Não sei se é mera impressão minha, mas o facto é que, a partir desse ano, as coisas, as pessoas, as mentalidades sofreram uma vaga de mudanças, isto é, uma abertura pouco habitual às novas coisas, à Europa, ao Mundo. Pouco a pouco, os estilos, as manias, e os hábitos dos portugueses começaram a alterar-se, melhor, a adaptar-se à modernidade. Não me arrisco a dizer que a modernidade europeia só tenha chegado à sociedade portuguesa, nos anos 90, pois isso seria quase um atentado qualquer. Mas, a verdade é que pude notar uma certa "ruptura" social desde então que, obviamente, muita influência teve na minha formação enquanto pessoa, adolescente que era.
Foi nesse ano que tive a minha primeira aproximação à realidade e opinião política. Não é por nada que atrás tenha salientado a mudança no poder Executivo do país, pois, confesso que a figura do Eng. António Guterres, enquanto político, muito me apaixonou à coisa pública. É caso para dizer que esse grande Senhor é o meu "Padrinho" na política, e tenho orgulho nisso.
Foi também nesse ano que comecei a frequentar o Lycée Français – Charles Le Pierre, nas Amoreiras. Uma escola notável que me abriu os olhos ao mundo, e onde fiz amizades de gente dos quatro cantos do Planeta. Ainda vivo com alguma Saudade desse tempo em que vivi os meus primeiros momentos de "globalização".

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Adeus Saudade...


Portugal. Nome de um país que sempre associara aos "fazendeiros", no Congo (meu país de origem), e aos comerciantes, assim como armazens de grande porte, sem esquecer nunca a foto da visita de Mário Soares ao meu (tio-avô) Presidente, Mobutu Sese Seko. O país que me viu chegar (a mim e ao meu irmãozinho, Roy - ver foto do post anterior) com doze anos de idade.

A minha vinda a Portugal não se deveu a nenhuma vontade especial, confesso, mas a uma necessidade urgente de "fugir" do Congo, por razões escolares. Estudávamos (eu e o meu irmão) num colégio jesuita, onde o nível de excelência primava entre muitas outras instituições de ensino em todo o território congolês, contudo, por razões de sucessivos greves, por parte de diversas organizações sindicais (comunistas), acabamos por perder o precioso tempo de aprendizagem, donde, tenha sido imperativa uma deslocação para o estrangeiro - mal se sabia do caos que se viria a instalar em todo o universo escolar... - , para assim podermos continuar os estudos.

Mas, porquê Portugal, e não a França ou a Bélgica (por razões culturais óbvias)?

Acontece que o meu pai se encontrava em missão prolongada em Lisboa, como Primeiro Conselheiro e Ministro Plenipotenciário, na Embaixada da então República do Zaire (hoje República Democrática do Congo), daí que fizesse mais sentido vir estudar na terra dos três "F´s" (Fado - Futebol - Fátima).

Uma vez em casa, muito mais do que o "medo" ou a angústia de não saber falar a língua de Camões, era o medo e a angústia de chamar "Pai" a um senhor que nunca me viu crescer, nem sorrir. O senhor, meu pai, impávido, altivo e distante, como sempre ouvi falar, olhava-nos atentamente, como quem tinha momentos de dúvida se algo lhe pertencia verdadeiramente. Enfim, reacção normal de um pai de vinte filhos (perdão, vinte e um, segundo as pesquisas mais recentes).

Durante os meus primeiros três anos, os sonhos, o pensamento e o coração ainda residiam na rua onde sempre andei até conhecer a minha pessoa, o meu território, a minha terra, o Congo. Foram tempos de difíceis adaptação, a nível familiar, e num sentido mais alargado da sociabilidade. Era a saudade a falar mais alto do que a razão. Um verdadeiro "desterrado".

Porém, algo me chamava a atenção nesta terra em que me tornei "homem". Algo místico que me embalsava a alma, nos momentos mais tenebrosos que a saudade suscitava. Falo de uma prometida ida à Fátima, para uma visita ao lugar onde a Senhora aparecera aos pastorinhos. Não sei dizer se se tratava de uma beatice ou santidade da alma, porque nem tinha juízo para tal discernimento. Mas o que é certo é que, o filme que a senhora, minha mae, me oferecera em criança ("para aguçar o gosto e o interesse ao sacerdócio") sobre a vida das três criançinhas da Cova da Iria me tinha ficado na mente, como que um consolo, um sinal de esperança e perseverança.

Curiosamente, no dia em que a promessa se concretizara, após um momento de deslumbramento perante a imensidão de peregrinos, acorrendo aos pés de Nossa Senhora de Fátima, algo em mim mudou, a saudade amainou, e o coração sossegou-me a alma sedenta de um regresso à minha terra natal. Foi como que uma consciencialização ou de uma assunpção pela própria realidade com que me deparara.

(Continua...)